A decisão entre financiamento ou consórcio passa primeiro pela sua urgência em adquirir o carro

8 de agosto de 2018

A DECISÃO ENTRE FINANCIAMENTO OU CONSÓRCIO PASSA PRIMEIRO PELA SUA URGÊNCIA EM ADQUIRIR O CARRO (FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)

Caro leitor, mais do que uma questão financeira, esta é uma escolha temporal. Vamos rever os conceitos de cada modalidade para tomarmos uma melhor decisão.

No financiamento, uma instituição financeira (IF) lhe empresta os recursos necessários para você adquirir seu carro agora e você devolverá estes recursos à IF em parcelas mensais, normalmente de valor fixo (sistema de cálculo conhecido como Price), por um prazo determinado, acrescido de juros. Também incide sobre o financiamento o Imposto de Operações Financeiras (IOF) e eventuais outras taxas. Por isso que, para facilitar a comparação entre IFs, devemos utilizar outra taxa, denominada de Custo Efetivo Total (CET). Caso, durante o período de pagamento, você receba algum recurso extra e queira adiantar o pagamento de parcelas, você terá desconto nos juros das parcelas futuras que está adiantando, reduzindo assim o prazo total do financiamento ou o valor das parcelas remanescentes.

Já no consórcio, um grupo de pessoas com interesse em adquirir um veículo se juntam, com a organização de uma administradora de consórcios, para se ajudarem a comprar seus respectivos carros. O valor do veículo é dividido pelo número de participantes e, todos os meses, um deles será sorteado para receber os recursos dos demais para a compra do seu carro. E assim sucessivamente até que todos os participantes tenham sido contemplados. Logo, você poderá ser o sortudo sorteado do primeiro mês ou ter que esperar até o último mês para adquirir seu carro. Nesta modalidade não há acréscimo de juros, mas para cuidar do consórcio a administradora cobra uma taxa de administração. Além desta taxa poderá haver também a cobrança de taxa de adesão, fundo de reserva e seguro. O percentual do rateio da sua cota mensal é fixo, mas o valor poderá ser alterado caso haja variação no preço do carro. Se você quiser aumentar a possibilidade de ser contemplado, poderá efetuar lances, que é um valor que você pagará a mais que a sua parcela mensal, e concorrerá com outros lances para definir o contemplado por lance do mês. Importante ressaltar que neste caso não haverá desconto da taxa de administração sobre o valor do lance, mas o seu prazo de pagamento ou o valor das futuras parcelas será reduzido proporcionalmente ao valor do lance dado.

Logo, a decisão entre financiamento ou consórcio passa primeiro pela sua urgência em adquirir o carro. Coloquemos agora alguns exemplos para entender melhor o custo desta decisão temporal.

Vamos simular que o leitor queira adquirir um veículo de R$ 50.000,00 e que não tenha nenhuma reserva para dar de entrada. Ao pesquisar as opções, encontramos financiamentos de 60 meses com CET de 2,00% a.m. e consórcios de igual prazo com taxa de administração de 18,00%. Consideraremos que, nestes 5 anos, o valor do carro desejado não se alterará ou que será mantido o valor da carta de crédito do consórcio em R$ 50.000,00.

O financiamento será de parcelas fixas de R$ 1.438,40, portanto um desembolso total de R$ 86.303,90 mas com a compra do carro no presente.

Já o consórcio dará parcelas de R$ 983,33, portanto um desembolso total de R$ 59.000,00, bem menor que o financiamento, mas sem a certeza do prazo para se adquirir o veículo, que poderá ocorrer no primeiro ou no último mês (não considerando lances), ou seja, com um prazo médio esperado de 30 meses.

Como o leitor está considerando a possibilidade de um consórcio, pressuponho que esteja disposto a esperar algum tempo para realizar seu desejo. Então, convido-o a uma outra comparação.

Supondo que o leitor tenha a capacidade de pagar o valor da parcela do financiamento (mais cara que do consórcio) e invista esse valor em poupança, a forma mais simples de investimento, que atualmente rende 70% da taxa Selic. Considerando esta taxa estável para a simulação, em aproximadamente 33 meses (próximo do prazo médio do consórcio) você terá os R$ 50.000,00 necessários para a compra do veículo à vista e terá desembolsado pouco mais que R$ 47.000,00. E ainda poderá continuar investindo para a futura troca do carro ou outro objetivo. Além de poder buscar outros tipos de investimentos, mais adequados ao prazo e buscando assim uma rentabilidade melhor.

Resumindo, estar do lado de quem recebe os juros, ao invés de pagar, é sempre a melhor opção. Porém, se você não pode esperar, então terá que arcar com os custos mais altos de um financiamento. Mas quanto mais recursos tiver para a entrada, menor será o peso dos juros pagos. No meio do caminho está o consórcio e, neste caso, se há a capacidade de pagar a parcela maior do financiamento, invista a diferença para poder, mais a frente, ofertar lances para tentar adiantar a contemplação.

ÉPOCA NEGÓCIOS 19/06/2018 – 06H31 – ATUALIZADA ÀS 08H14 – POR RICARDO GOMES DA SILVA, DA PLANEJAR*

*Ricardo Gomes da Silva é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: ricardo.gomes@lifefp.com.br

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